“Extinguir a Justiça do Trabalho prejudicará trabalhador e empregador”, de autoria da juíza Carolina Gralha, presidente da Amatra IV

Texto originalmente publicado no jornal Zero Hora, edição de 12 janeiro de 2019.

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Carolina Gralha

As declarações do Presidente da República, Jair Bolsonaro, a respeito da existência da Justiça do Trabalho (ou o seu fim) geraram diversos debates, dividindo opiniões. Mas para travarmos uma discussão franca e honesta, todos nós devemos nos despir das ideologias, dos preconceitos (seriam pré-conceitos?) e do corporativismo.

Não há como negar que é a Justiça do Trabalho que pacifica os conflitos decorrentes das relações sociais do trabalho, historicamente desiguais no nosso país, o que facilmente se constata pela atual estatística de que em 58% dos processos solucionados o que se pede é o pagamento de verbas rescisórias – ou seja, empregados que perdem seus postos de trabalho e não recebem sequer aviso prévio, férias, décimo terceiro salário e FGTS. De igual forma, é a Justiça do Trabalho que condena e cobra o empregador que deixa de cumprir a lei – sonegando não só direitos do trabalhador, mas também INSS, imposto de renda e outros tributos –, coibindo, assim, a concorrência desleal no mercado em relação ao empregador que observa rigorosamente a legislação. Aliás, há que se desmistificar a tão repetida falácia de que a Justiça do Trabalho é parcial em favor do trabalhador, pois nessa Justiça apenas 2% das ações são julgadas totalmente procedentes (o empregado ganha a causa), 12% são improcedentes (o empregado perde a causa) e 49% são solucionadas por acordo entre as partes (Dados TRT4 – 2017).

Poderíamos mencionar, também, as intensas atuações na prevenção e combate ao trabalho infantil, trabalho escravo e mortes e doenças decorrentes das relações do trabalho.

Contudo, além de casos individuais, esta Justiça Especializada contribui para melhorar a vida das pessoas. Recentes exemplos dão conta do quanto a atuação deste ramo influencia em toda a sociedade – como os casos das crises do transporte público em Pelotas e da saúde pública em Canoas – situações em que os juízes do trabalho agiram para que os serviços fossem regularizados sem maiores prejuízos a todos – trabalhadores, empregadores e população. É assim que a Justiça do Trabalho atua, sem lados, de forma mais eficiente, conciliadora e célere comparada a todos os demais ramos do Poder Judiciário, conforme dados do CNJ.

Extinguir a Justiça do Trabalho – que existe em diversos países como a Alemanha e Israel – não levará ao desaparecimento dos conflitos. Eles persistirão, pois é a lei mais básica que é descumprida. A solução de encaminhar estas demandas à justiça comum – já assoberbada de processos – apenas retardará e tornará mais cara a solução dos processos, o que prejudicará trabalhador e empregador.

Desemprego se combate com investimento e desoneração da folha, por exemplo, e não com a extinção de uma Justiça que garante patamares mínimos de civilidade em uma sociedade justa e equilibrada.

As turbulências nos jogam para os lados extremos, mas há um caminho ao meio – de manutenção e aperfeiçoamento constante das estruturas eficientes e este deve ser a nossa escolha.

Carolina Hostyn Gralha
Juíza do Trabalho e presidente da Amatra IV

Fonte: Secom/TRT4

Fórum Institucional em Defesa da Justiça do Trabalho se reúne no TRT-RS

Representantes das entidades que compõem o Fórum Institucional em Defesa da Justiça do Trabalho (Fidejust) se reuniram na tarde desta quarta-feira (09/01), no Tribunal Regional do Trabalho da 4a Região (TRT-RS). O encontro serviu para alinhar aspectos da organização do Fidejust. Foram fixadas as reuniões mensais do Fórum e a futura construção de um site para artigos e notícias. Foi comunicada também a realização de ato público no dia 21 de janeiro às 13h, em Porto Alegre, assim como em outras capitais, organizado pelas entidades de advogados, com adesões.

Participaram da reunião o desembargador Ricardo Carvalho Fraga, vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS); desembargadora Laís Helena Jaeger Nicotti, ouvidora do TRT-RS; Elisabete Santos Marques, juíza-auxiliar da Presidência do TRT-RS; juíza Carolina Hostyn Gralha, pela Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da IV Região (Amatra IV); juíza Valdete Souto Severo, pela Fundação Escola da Magistratura do Trabalho do RS (Femargs); Evandro Krebs, pela Associação dos Peritos na Justiça do Trabalho (Apejust); Liégi Guterres, pelo Conselho de Diretores de Secretaria da Justiça do Trabalho da 4ª Região (Coditra); Rafael Sabini Scherer, pelo Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do RS (Sintrajufe/RS); Camilo Gomes de Macedo, pela Associação de Advogados de Empresas no Rio Grande do Sul (Satergs); procurador Gilson Luiz Laydner de Azevedo, pelo Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS); João Vicente Silva Araújo, pela Associação Gaúcha dos Advogados Trabalhistas (Agetra); Mário Azevedo pela Intersindical; Marcelo A. Carlini, pela Central Única de Trabalhadores (CUT-RS); Cristina Vianna dos Santos, pela Associação dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais no Rio Grande do Sul (Assojaf-RS); Eduardo de Oliveira Virtuoso, pela Federação Nacional das Associações de Oficiais de Justiça Avaliadores Federais (Fenassojaf-RS); Guiomar Vidor, pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do RS (Fecosul); José Fabrício Furlan Fay, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS); e Amarildo Pedro Cenci, pela Central Única de Trabalhadores (CUT-RS).

Fim do corpo da notícia.
Fonte: Vice-presidência/TRT-RS